COMPAIXÃO E AMOR

Engolindo o choro e secando rapidamente suas lágrimas, Giovanna entra no ônibus. Após passar pela roleta, os olhos da jovem percorrem todo o coletivo procurando um assento disponível. Encontrou. Sentou e pegou seu smartphone. Visualizou uma mensagem de sua amiga Laura, que a estava convidando para um bloquinho de carnaval que aconteceria no centro da cidade de Vitória no dia seguinte. Giovanna agradeceu o convite e confirmou sua presença.

Tendo chegado à casa, a moça tomou banho e foi tentar dormir, mas, como era comum acontecer, sua mente foi inundada por maus pensamentos como "eu não conseguirei melhorar meu desempenho na faculdade, não sou boa o suficiente", "eu sou feia, nenhuma roupa que eu colocar amanhã irá me deixar bonita para ir ao bloquinho", "foi tão duro ouvir aquelas palavras semana passada”, “VOCÊ NÃO CONSEGUE, VOCÊ É UMA BURRA". Assim, seus olhos vertiam lágrimas novamente. Esses pensamentos alcançavam Giovanna com frequência e era difícil detê-los. A fragilidade a envolvia e não havia ninguém ali para confortá-la. Exausta adormeceu. No dia seguinte, acordou e ajudou sua mãe com a limpeza da casa. Também fez o almoço: arroz, feijão, frango frito, salada de alface, tomate e cenoura ralada.

Ao entardecer, Giovanna arrumou-se para encontrar Laura no terminal para irem ao bloco. Enquanto ouvia uma música da Mahmundi, ela escolheu para vestir uma blusa estampada e colorida, também um short jeans escuro. Tomou banho. Arrumou o cabelo. Colocou a roupa, sandália rasteira rosa, brincos pequenos em formato de flor, batom vermelho e glitter dourado no rosto - o qual iluminava a pele tom avelã de Giovanna acrescentando-lhe incomparável charme.

Chegou ao terminal, encontrou Laura e foram para a fila do ônibus.

- Está linda, adorei o novo visual - disse Giovanna (Laura havia tingido seu adorável crespo 4c de azul).

- Obrigada, mana. Mas e você? – disse Laura -, Como está?

- Indo.

- Por que? Deixe os problemas de lado por hoje, é carnaval, vamos lá, alegria!

- Tudo bem. Vou relaxar.

E então chegaram, entraram no clima, dançaram muito. Entre as serpentinas, espumas e confetes, a atmosfera parecia alegre. Muita folia, muita música, muita gente.

Em certo momento da festa, Laura estava aos beijos com um rapaz. Quando Laura observou que Giovanna havia se enturmado com outras pessoas, certificando-se de que não a deixaria sozinha, ela se despediu e foi com o moço para outro lugar. Giovanna sorria e curtia o momento, parecia contente. Foi anoitecendo e de repente foi surpreendida por gritos:

- Me entrega tudo, agora, agora - berros de um jovem armado.

Com o coração disparado, Giovanna entregou seu celular e dinheiro, estava perplexa e muda. Ele pegou os pertences da garota, deu um soco no estômago dela e saiu correndo. Foi o fim da festa para ela. Eram oito da noite. Foi para casa.

Quando Giovanna chegou ao seu bairro estava com os olhos inchados, o semblante triste e o estômago doendo muito. Quando caminhava lentamente com a mão direita sobre o abdômen, em frente a uma lanchonete uma moça saía com uma sacola de lanche embrulhado para viagem.

O quê aconteceu?

Quem era essa moça?

Qual o desenrolar dessa história?

Na próxima terça-feira teremos a segunda parte dessa história!!!!

#Carnavalviolênciacompaixãoconsoloesperança